Sabe aquela expressão “a vida prega tanta peça
na gente”? Pois é, andei refletindo sobre ela e cheguei a uma conclusão: a
gente prega muitas peças na vida, na nossa vida! Não é por maldade, mas,
talvez, por simples falta de opção (ou maturidade).
Ao longo da nossa vida criamos diversos
instrumentos para lidarmos com as situações do dia-a-dia e, principalmente, com
as pessoas. Alguns instrumentos são mais utilizados que outros, mas todos têm a
mesma função: nos manter vivos! O problema é que nem sempre essa “vida” vem
acompanhada pela saúde e aí...
Com o objetivo de conseguirmos sobreviver às
diversas dificuldades da vida, esquecemos de desfrutá-la, de aproveitar esse
linda viagem chamada existência. E aí vem a pergunta: vivemos e não existimos
ou existimos e não vivemos?
Hoje em dia parece que viver é simplesmente
seguir os padrões: trabalho, casa, família, responsabilidades... se você tem
tudo isso e dá conta do recado: parabéns, você existe! Existe? Existo? “Pera
aí”! E os meus sonhos? Os meus desejos? As minhas vontades? Onde ficam?
Somos criados para “dar conta do recado”,
para sermos o que outros querem que nós sejamos e nem nos damos conta disso.
Somos os sonhos dos outros, os desejos dos outros, as vontades dos outros... E,
justamente, por isso não fazer parte da gente, não ser da “nossa natureza”,
precisamos dos tais instrumentos de sobrevivência. Não se trata daqueles “kits”
que contem colete, boia, comida... mas sorrisos, carinhos, atenção e cuidado
aos outros simplesmente para agradar e, quem sabe, ser aceito e existir.
Aprendemos que sermos nós mesmos nem sempre é
bom e que ser bom tem um jeito certo de ser. Parece confuso (e é mesmo!). O
mais interesse é que ninguém nos obriga a ser assim. Nós reproduzimos esses comportamentos
sem ao menos questionar: cada um com a sua ferramenta, mas o objetivo continua
o mesmo.
Essa falta de reflexão do que estamos fazendo
acaba por nos adoecer. Como já falei, somos criados para irmos contra a “nossa própria
natureza” para sermos aceitos e queridos. Consideramos o nosso jeito errado e
partirmos para as adequações (ou seriam inadequações?) frustradas que nos
adoecem.
Seria esse o fim da humanidade: frustração,
tristeza, dor e sofrimento? Claro que não! Ainda existe luz no fim do túnel e
não é um trem vindo na sua direção! Vou te contar um segredo: todos nós temos a
capacidade de nos reinventarmos. É justamente esse incômodo, essa sensação de
não pertencer a lugar algum que vai nos indicar o caminho da cura.
A cura nada mais é que viver e existir ao
mesmo tempo. Poder viver de acordo com você mesmo. Quem melhor que você para
identificar os seus limites e as suas necessidades?
E como fazer isso? Bom, cada um terá o seu
jeito de ressignificar a sua vida. Corrigir algumas falhas, enaltecer alguns
acertos... O importante é definir quais instrumentos você vai querer usar,
quais você vai querer guardar e quais vai querer trocar (por que não?). Nunca
jogue nenhum deles fora! Saiba onde estão cada um deles. Eles foram construídos
por você e podem ter alguma utilidade no futuro. O principal é saber usá-los.
Então, por onde por eu começo? Que tal “fechar para
balanço”? Pare um tempinho (ou dois). Dê uma olhada em tudo o que você tem.
Veja o que tem utilidade hoje. Reorganize as “prateleiras”, limpe os corredores, abra as portas e
deixe a sua vida entrar!
Brasília, 13 de agosto de 2015.