Há algum tempo atrás, tive uma pequena discussão com o meu ex. Ele se queixava do meu comportamento. Para ele, eu deveria ficar em casa e pensar na vida.
As coisas aconteceram mais ou menos assim.
Na primeira vez que me separei, fui morar na casa de uma amiga. Fiquei lá por um mês. Durante esse período, procurei manter a minha rotina inalterada. Estava morando no mesmo bairro e isso facilitava as coisas. Comemorei o meu aniversário, saí algumas vezes, até que percebi que quanto mais eu ficava longe dele, menos vontade eu tinha de voltar.
Decidimos tentar mais uma vez. Acontece que o período que escolhemos para voltar foi justamente o mês das suas férias. Ele viajou por um mês, enquanto eu continuava sozinha...
Aproveitei esse tempo para ver como seria viver sem ele. Ia ao mercado, cozinhava só pra mim, saí com alguns amigos, fiz uma festinha em casa... Enfim, senti o gostinho de ser solteira estando casada.
Quando ele voltou das férias eu percebi que nossa relação já era. Conversamos e no final de semana seguinte decidi sair de casa. Não foi uma decisão fácil. Sempre que era possível, eu saía de casa: ia dormir na casa de amigos, viajava. Fazia tudo para evitar a solidão.
Com o tempo percebi que ficar sozinha não era ruim. É ótimo sair de casa e encontrá-la exatamente do jeito que deixamos quando voltamos do trabalho: sem roupas no chão ou louça para lavar.
Comecei a levar a vida de uma maneira mais leve. Fiz novas amizades e fortaleci as antigas. Saía (ainda saio) todos os finais de semana e descobri uma nova cidade. Brasília deixou de ser um lugar sombrio e sem graça para se tornar a minha segunda cidade (sou carioca e não vou abrir mão disso nunca!).
Vocês devem estar ansiosas para saber o que o Band-Aid tem a ver com isso. Estou chegando lá!
Bem, nessa discussão que tive com o meu ex, ele se queixou justamente disso: falou que eu estava saindo muito, bebendo muito e que isso não iria resolver os meus problemas. Finalizou dizendo que eu estava vivendo a vida dos meus amigos, que estava dependente deles.
É claro que eu fiquei revoltada com essa afirmação. Eu estava (estou) fazendo o que eu quero. Não por influência, mas por escolha! Eu prefiro estar rodeada de pessoas que me querem bem a ficar sozinha pelos cantos, lamentando o passado que não irá voltar.
Eu respondi da seguinte forma: nós dois temos uma ferida e eu sei que ela vai cicatrizar. Eu posso deixar a ferida sarar sozinha. Isso vai levar algum tempo, vai doer, mas vai passar. Ou então, posso usar um Band-Aid. Com ele a cicatrização é mais rápida e menos dolorida.
Os meus amigos são o meu Band-Aid! Prefiro tê-los comigo, acompanhado cada passo e cada tropeço que dou. Pra quê sofrer sozinha se eu posso sofrer junto? Eu sei que a dor é minha e que é impossível transferi-la para alguém, mesmo para um amigo mais próximo.
Tinha me esquecido de como é bom ter e fazer amigos, compartilhar cada momento da minha vida com pessoas escolhidas por mim! Falar besteira, rir, chorar. Saber que por maior que seja a distância, eles sempre estarão lá e eu nunca mais ficarei só.
Ter amigos de verdade é isso: ter a garantia que toda ferida sempre vai cicatrizar da maneira menos dolorosa possível! Se eu posso fazer um curativo, pra quê deixar aberto? Eu uso Band-Aid!
Brasília, 01 de dezembro de 2011.
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